O empresário Leonardo Manzan ressalta que a geração de energia offshore, especialmente a eólica em alto-mar, desponta como uma das maiores promessas para a expansão da matriz energética brasileira nas próximas décadas. O país conta com uma extensa costa marítima, com mais de 7,3 mil quilômetros de extensão, caracterizada por ventos constantes, de alta intensidade e baixo índice de turbulência — condições ideais para o desenvolvimento desse tipo de fonte renovável.
Essa combinação de fatores coloca o Brasil entre os potenciais líderes globais no segmento. Contudo, transformar esse potencial em realidade dependerá de avanços consistentes em três frentes fundamentais: regulação específica, inovação tecnológica e estruturação financeira de grande escala. Esses elementos serão determinantes para garantir que os projetos saiam do papel com competitividade e viabilidade econômica no longo prazo.
Leonardo Manzan e o potencial da energia offshore no Brasil
Segundo Leonardo Manzan, a energia eólica offshore pode desempenhar um papel estratégico na diversificação e robustez da matriz elétrica nacional. Atualmente, a geração elétrica brasileira é predominantemente baseada em hidrelétricas, responsáveis por cerca de 55% da capacidade instalada, mas que se mostram vulneráveis a períodos de seca.
Nos últimos anos, crises hídricas pressionaram tarifas e exigiram maior acionamento de usinas termelétricas movidas a combustíveis fósseis, elevando custos e emissões. Nesse cenário, a integração de novas fontes renováveis, como a solar, a eólica terrestre e, principalmente, a eólica em alto-mar, é vista como solução para reduzir a dependência de condições climáticas específicas.
A energia offshore apresenta vantagens competitivas notáveis: maior regularidade na geração, por estar localizada em regiões com ventos mais constantes, e possibilidade de instalação de parques de grande porte, com elevada capacidade de produção. Essa previsibilidade operacional é um atrativo para investidores, pois facilita a assinatura de contratos de longo prazo e garante estabilidade no fornecimento.

Desafios regulatórios e estruturais a serem superados
De acordo com Manzan, o maior entrave atual é a ausência de um marco regulatório claro e específico para a exploração de energia offshore no Brasil. Apesar de avanços recentes, ainda não há normas detalhadas sobre licenciamento ambiental, direitos de uso do espaço marítimo e integração das plantas geradoras com a rede de transmissão nacional.
Essa lacuna regulatória cria insegurança jurídica e afasta investidores institucionais que precisam de previsibilidade antes de aportar recursos em empreendimentos que exigem investimentos bilionários e longos períodos de maturação. A experiência de outros países, como Reino Unido, Alemanha e Dinamarca, demonstra que regras estáveis e transparentes são essenciais para destravar o setor.
Outro ponto crítico está na infraestrutura elétrica. Conectar parques eólicos offshore ao Sistema Interligado Nacional (SIN) demandará investimentos expressivos em linhas de transmissão, subestações e sistemas de monitoramento. No caso brasileiro, essa conexão deve considerar a distância entre os pontos de geração no mar e os centros de consumo no interior do país, exigindo planejamento logístico e tecnológico de alto nível.
Além disso, o custo de instalação e manutenção das turbinas em ambiente marítimo é naturalmente mais elevado que em instalações terrestres, devido às condições adversas, à necessidade de embarcações especializadas e à corrosão causada pela salinidade. Por isso, Leonardo Manzan defende que políticas públicas de incentivo e mecanismos de financiamento competitivo sejam implementados para viabilizar os projetos.
O papel da inovação e da sustentabilidade
A inovação tecnológica será um fator decisivo para o avanço da energia offshore no Brasil. O desenvolvimento de turbinas mais eficientes e resistentes, com capacidade de operar em águas profundas e suportar condições climáticas severas, é um dos caminhos para reduzir custos operacionais e aumentar a vida útil dos equipamentos.
Além disso, avanços em técnicas de instalação, como o uso de plataformas flutuantes, podem ampliar as áreas aptas para exploração, permitindo que os parques sejam construídos em locais com melhores ventos e menor impacto visual ou ambiental sobre as regiões costeiras.
Do ponto de vista ambiental, a energia eólica offshore traz benefícios significativos. Por ser uma fonte renovável, contribui diretamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa, ajudando o Brasil a cumprir metas assumidas em acordos internacionais de descarbonização, como o Acordo de Paris.
Leonardo Manzan também aponta que a expansão desse mercado pode gerar efeitos socioeconômicos positivos, como a criação de empregos altamente qualificados, o fortalecimento de cadeias produtivas locais e o desenvolvimento da chamada economia azul — conceito que integra crescimento econômico sustentável e preservação dos ecossistemas marinhos.
Perspectivas para o futuro da energia offshore no Brasil
Para Leonardo Manzan, os próximos cinco a dez anos serão decisivos para definir o espaço que a energia offshore ocupará na matriz elétrica nacional. Caso o país avance na criação de um marco regulatório robusto, que garanta segurança jurídica e estabeleça critérios claros para concessões, licenciamento e participação privada, poderá atrair grandes empresas internacionais e consolidar-se como um polo de investimentos em energias renováveis no Hemisfério Sul.
Outro ponto que o empresário considera estratégico é a integração da energia offshore com outras fontes limpas emergentes, como a produção de hidrogênio verde — obtido a partir de eletricidade gerada por fontes renováveis — e sistemas híbridos que combinem eólica, solar e armazenamento por baterias. Essa integração não apenas aumenta a eficiência da rede, mas também insere o Brasil em cadeias globais de valor voltadas para a transição energética.
Segundo Manzan, o país reúne todos os elementos para se tornar uma potência no segmento: recursos naturais abundantes, experiência consolidada em geração eólica terrestre, base industrial crescente e know-how adquirido em setores como petróleo e gás, que podem ser aproveitados para a instalação de projetos offshore.
Energia offshore como vetor estratégico de crescimento
Leonardo Manzan reforça que a geração de energia offshore deve ser tratada como vetor estratégico para o crescimento econômico e a segurança energética brasileira. A diversificação da matriz, combinada com o aproveitamento inteligente de recursos renováveis, é fundamental para garantir que o país esteja preparado para enfrentar oscilações de mercado e demandas crescentes de energia no futuro.
Ele ressalta que investir nesse segmento é também uma forma de posicionar o Brasil como líder global na transição energética, um movimento que vem se acelerando com as pressões ambientais e as exigências de descarbonização impostas por acordos e blocos econômicos internacionais.
Para atingir esse objetivo, será necessário criar um ambiente de negócios competitivo, com incentivos fiscais, linhas de crédito específicas, leilões dedicados à contratação de energia offshore e parcerias internacionais para transferência de tecnologia. Esses instrumentos podem reduzir o custo inicial dos projetos e acelerar sua implementação.
Considerações finais
O empresário Leonardo Manzan conclui que a energia eólica offshore representa uma oportunidade única para o Brasil unir crescimento econômico, sustentabilidade e inovação tecnológica. No entanto, para que essa oportunidade seja plenamente aproveitada, é imprescindível que governo, setor privado e instituições de pesquisa atuem de forma coordenada, construindo soluções que viabilizem os investimentos e assegurem a competitividade do país no cenário global.
A abundância de ventos de qualidade em alto-mar, a necessidade urgente de diversificação da matriz e o compromisso internacional com a redução das emissões criam um cenário favorável para que o Brasil lidere o setor no Hemisfério Sul. Com planejamento, regulação clara e incentivo à inovação, o país poderá transformar seu potencial natural em resultados concretos, consolidando-se como referência internacional em energia limpa e sustentável, e desempenhando um papel central na transição energética mundial.
Autor: Pelos Llewan